O Edifício Level, um prédio corporativo de oito pavimentos construído na região central de Tubarão, em Santa Catarina, levou apenas 100 dias para ficar pronto, sendo 20 deles dedicados exclusivamente à acoplagem no local. Isso porque foi utilizado o método construtivo off-site, ou seja, feito em fábrica. Por suas dimensões e prazos, o edifício off-site está sendo considerado um marco na construção civil brasileira. “É o maior edifício de construção off-site volumétrica da América Latina”, comemora Ricardo Mateus, CEO e fundador da Construtech Brasil ao Cubo, realizadora da obra.
Para se ter ideia do que significa uma obra feita fora do canteiro, toda a parte hidráulica, elétrica, os banheiros, as cerâmicas chegam prontos ao local. “Um tempo recorde sem precedentes na construção civil brasileira”, diz Mateus. Ele afirma que há uma carência no mercado por soluções construtivas ágeis que atendam construções no setor de edifícios de múltiplos pavimentos. “As obras convencionais, normalmente, se estendem além do prazo estipulado, não respeitam orçamento e causam grande impacto ambiental durante a execução. Já uma obra feita em fábrica (off-site) permite controlar melhor a qualidade, reduzir expressivamente prazos, seguir um orçamento assertivo, minimizar desperdícios, diminuir o uso de água na construção e gerar menos resíduos.”
A Construtech já tem em seu portfólio projetos realizados com esse foco. Em 2020, construiu cinco hospitais permanentes em apenas 115 dias, com 333 leitos. Esse ano está executando a ampliação de dois hospitais, com obras permanentes que ficarão de legado para a população após a pandemia: o Hospital Vila Santa Catarina, no município de São Paulo, que contará com 40 novos leitos de UTI e o Hospital Regional de Samambaia, no Distrito Federal, que ampliará o atendimento existente com 100 novos leitos hospitalares com assistência respiratória.
Para o projeto arquitetônico do Edifício Level, a startup convidou o escritório ATO9 do qual foi parceira na construção do showroom de vendas do Floripa Airport. Foram necessários 55 dias para montar quatro módulos metálicos de 3,20mx12m cada um, no chão da fábrica, e levar até o local do aeroporto, em Florianópolis, com todos os acabamentos externos e internos, incluído o mobiliário.
“Essa foi a nossa primeira experiência com a arquitetura pré-fabricada, sempre gostei muito e procuro desenvolver projetos de forma mais industrializada, menos artesanal”, diz o arquiteto Ronaldo Martins, sócio do ATO9. Para a obra do Floripa Airport, ele foi em busca de uma empresa que executasse o projeto de forma industrial e encontrou a Brasil ao Cubo, que o chamou para encarar o desafio da obra off-site de Tubarão. Outra experiência se deu em 2014, na Copa do Mundo, quando projetou banheiros como se fossem uma capsula pronta para o setor de hotelaria.
Equipe multidisciplinar
Uma equipe multidisciplinar e integrada foi fundamental para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, coordenado por Martins. “Desde o início as equipes lançaram, numa plataforma BIM, os projetos de estrutura metálica, hidrossanitário, climatização, elétrico, além do projeto de produção. Trabalhamos o projeto executivo integrado com o de produção da Brasil ao Cubo para criar cada módulo”, explica o arquiteto, atual presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura regional Santa Catarina (AsBEA/SC).
Com cerca de 3.300 m² de área construída, distribuídos entre oito pavimentos, o Edifício Level se destaca também pela aplicação de itens sustentáveis como painéis fotovoltaicos nas fachadas e cisternas para o armazenamento da água de chuva. Além disso ainda há sistema de ventilação cruzada, possibilitada pelo grande átrio que abrange todos os oito pavimentos, e brises modulares que reduzem a incidência solar, garantindo assim o conforto térmico e diminuindo a necessidade de uso do sistema de ar-condicionado. O tamanho dos módulos é determinado pelo limite do transporte na carreta, por isso a medida é de 3,50mx15m cada.
Marco na história da construção civil nacional
“Executar a obra de um edifício de múltiplos pavimentos em construção off-site sempre foi um dos objetivos da Brasil ao Cubo. Poder iniciar neste novo setor em nossa cidade de origem é ainda mais gratificante, pois foi em Tubarão que a caminhada rumo à industrialização da construção civil começou e entregar aqui uma obra que pode representar um marco na história da construção civil nacional é uma grande honra”, conta Mateus.
Via ArqSC.